sábado, 17 de maio de 2014

Breve adeus

Mozi,

Acabo de ler sua carta mais uma vez. Vejo que nos últimos parágrafos você ressaltou três vezes a seguinte frase "eu estou aqui". Mas agora, olhando para o lado e relembrando os últimos dias desta semana eu me pergunto onde você está.

Nós sabíamos que esse dia chegaria. Tentei de todas as formas te fazer ficar, mas acho que você necessita seguir outros caminhos, conhecer pessoas e sentir coisas novas.
Queria poder ir em sua casa pagar aquela recompensa que te devo, porém o clima anda nublado para nós dois. Abro sua conversa no whatsapp na esperança de ver um "e ai haole", mas termino olhando o seu status e não te escrevo nada.
Ainda sinto vontade de ouvir sua voz, mas parei com os telefonemas. Telefonemas esses que me deixavam com a certeza de que você ainda estava aqui. Um grande alivio tomava conta do meu coração quando eu te ouvia me chamar de "mô" e sentir ciúmes dos rapazes sobre os quais eu falava. Você sempre tão esperto para umas coisas, mas bobo demais para perceber que conseguia ofuscar todos eles. Afinal, você sempre foi melhor. E continuará sendo, eu sei. Não pra mim, mas para alguém que mereça mais do que eu.


Enquanto isso ouço TonzA para lembrar de você. Ele não é nenhum Chico Buarque ou Jorge Vercillo, mas suas canções são boas o suficiente para fazer com que eu me sinta perto de você. 
Se a sua mãe perguntar por mim manda um beijo para ela. Responde brevemente que não deu, aproveita e sai para vasculhar umas memórias nossas. Em dias de saudade eu faço isso. Em dias sem você digo a mim mesma que já me acostumei. 


Aproveito para roubar um trecho da cartinha que você me escreveu: "...eu só conseguia enxergar você de colorido em um fundo preto e branco". Talvez agora eu seja somente mais uma figurinista. Espero ter feito bem o meu papel de protagonista. Faria mais, com toda a certeza, mas sou insegura demais para tentar algo novo. Pode ir. Boa sorte no seu novo caminho. Mas posso pedir uma coisa? Não esquece este velho lugarzinho. O caminho é o mesmo e a pessoa continua a sua espera. Se quiser, volta. Se sentir saudade mas não quiser voltar, tudo bem. Quem sabe um dia a gente se reencontra nessas esquinas da vida. 

Com saudades de você, seu mô.

"A conta da saudade quem é que paga
Já que estamos brigados de nada
Já que estamos fincados em dor"
(O Teatro Mágico - Samba de Ir Embora Só)

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Nota¹: Tentei organizar a carta dá melhor forma possível, mas creio que tenha ficado um pouco confusa. Mas, particularmente, eu acho muito difícil escrever para alguém que seja tão boa pessoa. É como se não houvesse palavras exatas para esse alguém que dedicamos tanto afeto. Porém, este é o resultado do cuspe (perdão!) de sentimentos.
Nota²: Sou péssima com títulos. 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Quando o anormal vira normal

Hoje não estou aqui para falar de amor. Hoje não estou aqui para falar de união, felicidade, paz. Hoje venho falar de coisas que, infelizmente, retratam o nosso mundo atualmente.

Em todos os quesitos podemos ver a evolução do ser humano. Telefones celulares com sistemas maravilhosos e impressionantes, carros "automáticos", prédios sendo levantados em questão de "segundos", etc. Porém, onde se encontra tal evolução quando se trata de compaixão para com o próximo?

Hoje, na aula de educação ambiental, houve um debate. Aproveitando o argumento de um aluno, a professora disse que é um absurdo, hoje em dia, o anormal ser normal. E vice-versa. Passei o resto do dia me perguntando o que ela quis dizer com isso e cheguei a seguinte conclusão: primeiro, pense que você está passando por uma banca de revista. Ao olhar para ela, você ver estampado no jornal Correio a seguinte informação: "estuprada frequentemente pelo pai, criança de cinco anos é hospitalizada" ou "após dizer que não tinha dinheiro para dar, mãe tem 55% do corpo queimado pelo próprio filho". Agora eu te pergunto, caro leitor; como você reagiria à uma noticia dessa? Eu acredito que 80% da população diria um "Meu Deus!", "Em que mundo nós vivemos?", "Que absurdo!". Mas os outros 20% simplesmente olhariam, leriam e seguiriam o seu caminho. Agora você já se perguntou o porque disto? Se não, permita-me que te responda: porque situações assim tornaram-se tão corriqueiras, que já não chocam mais a pessoa. Ou seja, o que eu estou querendo te dizer é que, antigamente, filho nenhum "bateria de frente" - usando a linguagem coloquial - com os pais. Mas este ato que antes era anormal vem fazendo-se tão presente no cotidiano que se tornou normal.

Em forma de argumento, há pessoas que ousam dizer que a culpa é da lei ou de quem prende e vinte dias depois solta.
Será mesmo que é da lei? Afinal, a nossa constituição é tão bem elaborada que dá até pena, digamos assim, de colocar a culpa nela. Pois não, eu digo que a culpa não é da lei. Veja um exemplo: imagine que tens uma FERRARI ou um CAMARO AMARELO e um deficiente visual resolve dirigi-lo. O que é mais provavel acontecer? Um trágico acidente. Ou seja, a lei está ali mas NÓS não a cumprimos. Eu, você e eles a ignoram na maioria das vezes. Assim como consta em um dos dez mandamentos "não matarás" e o que vemos é a taxa de assassinatos aumentar por dia! 
Segundo: ouso dizer que a culpa é da falta de por em prática a educação e, principalmente, o caráter. 

Acredito que com manifestações ou campanhas podemos mudar essa situação. É triste ver que família se volta contra família. Se você não respeita a sua, imagina respeitar o próximo. E lembrem-se sempre que a mudança começa em si mesmo.