quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Sobre meu pensamento infantil e as coisas que aprendi



Lembro de alguns anos atrás ter inveja de adolescentes e adultos. Eles podiam sair, voltar à hora que quiserem, eram independentes e pareciam felizes. Agora, na adolescência,vejo o quão ingênua fui por pensar em uma bobagem dessas. É, hoje percebi que meu pensamento me iludiu. Como fui pensar em que deveria ser bom ser "gente grande" - não que adolescente seja dono do seu próprio nariz, mas adquire mais liberdade do que na infância. Atualmente meu pensamento é este: ser independente deve ser bom, mas não do jeito que eu imaginei.


Já perdi as contas de quantas vezes desejei sair do lugar em que estava, correr para o colo da minha mãe e sentir as mãos dela acariciarem meu cabelo. Ser chamada mais uma vez de princesinha do papai. Voltar a assistir teletubbies, chiquititas e bananas de pijamas. Fazer amizade fácil e brincar com meu novo amiguinho sem pensar na palavra falsidade. Ao cair, correr para os braços de minha mãe e ficar bem após um beijo e um assopro no machucado. Chorar somente porque perdi um brinquedo e não porque um garoto me magoou. Ficar decepcionada porque tirei da máquina de urso um bichinho que não era o que eu queria e não por causa das atitudes de certas pessoas. Voltar a ficar triste ao ouvir um "não" dos meus pais do que ficar triste por ver ou escutar coisas que outras pessoas me falaram. Divertir-me com meu bichinho virtual. Ir à escolinha para aprender o alfabeto, cobrir o pontilhado e ficar triste quando meu responsável chegasse para me buscar porque a escolinha era um lugar onde nos ensinávamos que aquele menininho(a) ao nosso lado era nosso coleguinha independente de cor, estilo e todas essas outras coisas pelas quais inúmeras pessoas sofrem descriminação. Tomar meu sorvete sem se preocupar com a sujeira que eu faria e antes de deitar pensar somente em qual seria a brincadeira do outro dia. Mas, infelizmente, a vida me chamou para ser grande, pra enfrentá-la e eu não tive escolha.


Deixei os programas infantis de lado, o beijo no machucado e a escolinha para trás. Tive que entender que na vida existem algumas pessoas que te abraçam, mas que a mesma pode te empurrar ou pisar em você para subir na vida. Tive que entender que para muitas pessoas o que mais importa é o que aquela pessoa possui e não quem ela é. Tive que aprender a resolver equações e que a pessoa ao lado pode não ser meu coleguinha. Tive que aprender a tomar sorvete sem me melar, pois já estava crescidinha e a ver crianças preocupando-se em quem bateriam no outro dia. Tive que entender que crianças com nove anos só trocavam barbie, figurinhas e jogavam bolinha de gude no meu tempo e que, atualmente, crianças com a mesma idade consideram-se adultos e já trocam beijos e amasso nos corredores da escola - escola que agora não ensina que devemos aceitar as pessoas do jeito que elas são e que cada uma tem seu estilo, raça, religião e nem por isso deve ser descriminado. Tive que aprender a caminhar com meus próprios pés e a chorar com a cabeça encostada no travesseiro, sem ninguém para acariciar meus cabelos. Tive que entender que nem todo amor é correspondido e que um babaca brinca sim com seus sentimentos sem se preocupar se depois você ficará magoada ou não; e que por causa dele você desejará não gostar de mais ninguém e ridicularizará o amor. Porém, mais cedo ou mais tarde chegará alguém que te mostrará o quanto é bom amar e principalmente ser amada. Tive que entender que o amor está em extinção, que as pessoas estão matando umas as outras até por causa de um olhar e que muita gente suicida-se por não ter coragem ou não agüentar mais viver. Tive que entender que muitas vezes temos que engolir o choro e colocar um sorriso no rosto mesmo que não estejamos felizes e que muitas pessoas sofrem por causa da pressão da sociedade. Tive que entender que nem todas as pessoas te estenderão a mão, nem todas querem te ver bem e que em alguns momentos você pensará que está sozinho. 


E assim vai desejar a mesma coisa que eu, voltar no tempo. Não se preocupar com nada, ser criança novamente e aproveitar cada momento mais uma vez. E quando virasse "gente grande" aprenderia - também - a viver. Nem que fosse aos trancos e barrancos, na marra ou na coragem, no riso ou no choro. E perceberá que um dia, querendo ou não, a gente cresce e quando pensamos que já aprendemos, entendemos e vivenciamos tudo a vida esfrega - isso mesmo, e-s-f-r-e-g-a - na sua cara que você ainda tem muito o que aprender. Mas nem por isso deverá desistir da vida e verá que ser adulto também terá suas vantagens.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Um minuto




(Você está ouvindo: Lifehouse - You and Me)



"Olha, eu só tenho um minuto.
Por onde quer que eu vá vou te levar, pra sempre."


Volto a me perguntar até quando as pessoas entrarão em minha vida e depois sairão dela. Por mais que eu tente não consigo compreender isso. Nem me acostumar. Às vezes eu penso que deveria existir algo para que nós pudéssemos ficar com tal pessoa pra sempre e logo depois já penso que se for para que aquela pessoa fique conosco por muito tempo, ela ficará. Sem precisar prendê-la. E agora estou aqui, somente com um minuto para dizer a uma pessoa tudo o que está guardado aqui neste coração que o pertence.


Antes de mais nada, menino, quero lhe dizer que não se assuste com a revelação de sentimentos que te farei, mas você sabe - muito bem - como sou intensa. Intensa com o amor, intensa em relação a você. Sempre sinto muito e, por causa disto, algumas pessoas se afastam. Você, menino, cresceu dentro de mim de uma forma que nem mesmo você tem noção. Conquistou-me com pequenos passos e hoje está deixando-me assim, louca. E se permite-me dizer, perdida e fazendo com que eu sofra antecipadamente - como sempre - por causa da sua partida. Aliás, meu dom é sofrer antecipadamente. Caso eu me jogue de um edifício, morrerei antes de chegar ao chão. Eu sei que você também pensa assim. Enfim, deixe-me continuar antes que seu ônibus parte e por causa dessas minhas famosas ladainhas você o perca. Eu não queria que você fosse, admito, mas o que fazer se é seu futuro que está em jogo. Você sabe que eu só quero o seu bem. E se você ficar feliz lá, eu estarei feliz aqui. Mesmo alimentando, respirando, escrevendo e engolindo saudade.


Olha menino, já passou mais de um minuto, eu sei, mas você também sabe como é difícil para mim dizer realmente tudo o que sinto quando estou cara a cara com a pessoa. Quer dizer, jogar tudo de vez em alguém. Mas menino, antes de ir deixa-me te pedir uma coisa? Ensina-me a viver por alguns meses sem você? Se tiver algum manual de instruções, um dicionário ou qualquer coisa semelhante dar-me porque eu estou perdida, menino. Não sei o que fazer. Diz-me quem vai me contar piadas e fazer rimas estranhas para mim? Quem vai arrancar-me verdadeiros e singelos sorrisos e deliciosas gargalhadas? Quem vai conseguir de mim o abraço mais sincero que já dei?


Calma, menino. Minhas perguntas não terminaram. Esquece o relógio agora. Presta atenção em mim. Grava bem este rosto que mesmo sabendo que você irá por algo bom implora por sua permanência aqui. Espera, deixe-me continuar. Me diz quem cuidará de mim quando eu estiver sentindo-me mal? Quem vai dizer que estará ao meu lado sempre e para qualquer coisa? Quem vai me rodar, buscar-me no colégio e me fazer esperar ansiosamente pelo ruído do portão abrindo ou o sinal de que chegou uma nova mensagem no celular? Quem vai surpreender-me com declarações inesperadas, brincar comigo e me fazer cócegas? Quem vai fazer-me sentir está muito bem protegida e segura em um abraço, desejar um beijo ou suspirar com pensamentos? Me diz, menino, antes que você se vá e me deixe aqui com essas dúvidas. Quem, além de você? Sabe por que você não responde? Porque você sabe que a resposta é ninguém. Isso, ninguém. E mesmo que existisse alguém eu escolheria você. Sempre você.  Um alguém que eu já não tenho palavras para descrever o quanto é importante pra mim e que me faz feliz a cada dia que passa. Alguém que me faz ter vontade de rir, sonhar, amar,  casar. É, casar. Logo eu que nunca pensava em casamento estou aqui querendo, futuramente, dividir uma cama e uma vida. E que Ele permita que seja com você.


Calma, menino. Ainda tenho mais um minuto. Não perderá seu ônibus, acredite, mas não interrompa-me novamente. Olha, não importa onde você esteja o que importa é que eu estarei aqui onde você me deixou. Esperando-te, grave bem isso. Esperando você voltar e dizer que veio trocar minha aliança pela nova que será a do casório, como você mesmo disse. Mas tem que me jurar duas coisas: que me ligará sempre que puder, pois você consegue fazer-me sentir tranquilidade, segurança e felicidade só de escutar a sua voz e que não se perderá no caminho de volta. Jura? 


Então, menino, pode ir agora. Já se passou o minuto que  eu tinha e seu ônibus já vai sair. Corre menino, não quero que você perca o seu futuro. Aliás, um pouco do seu futuro porque eu também sou parte dele, né? Antes me deixa te dar um beijo. Não, não se importe comigo e minhas lágrimas que insistem em cair sob minha face e dizer a você que eu gostaria de ir junto. Ficarei bem, acredite. Tchau, menino. E cuide do meu coração, ele está indo com você*.


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Nota: Música "Um Minuto - D'Black 
*Trecho adaptado do livro de Stephenie Meyer, se eu não me engano é o livro Amanhecer.