segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Telefonema


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Chegando em casa após mais um encontro fracassado, deitou-se no pequeno sofá de camurça e discou o número a qual já havia decorado. Talvez ela já tenha um outro alguém. Não devo ligar. Pensou consigo mesmo. Mas e se não houver ninguém? E se ela sentir o mesmo que eu? E se ela, assim como eu, também estiver com o telefone na mão, porém com o mesmo receio?
- Alô? - Era aquela mesma voz a qual já ouvira inúmeras vezes. Aquela voz musical, que fazia bem aos meus ouvidos e me acalmava.
- Oi, liguei apenas para dizer que sinto sua falta. Minha tentativa de lhe esquecer não foi uma das melhores. Na verdade, foi em vão. Como esquecer algo que você não quer esquecer? Admito que cheguei a sair com outras pessoas, expandir os lugares que frequentava, mas não importava o que eu fizesse, meus pensamentos eram sempre direcionados a você. Parece que as mulheres de hoje em dia só possuem aqueles mesmos assuntos monótonos, formalidades que você sabe que eu detesto e aquelas piadas que só tem graça quando é você quem me conta. O fato é que eu abri os olhos para a realidade e vi que a pessoas que eu sempre procurei era você. Sempre foi você. O tempo todo e eu, tolo, a deixei escapar. Tudo bem, não precisa jogar na minha cara que eu sou idiota. Eu mesmo reconheço isso. E espero que não seja tarde demais. Estou aqui agora, voltando atrás. Mas quer saber o motivo de eu ter voltado atrás? Eu voltei atrás porque nenhuma delas tem o jeito descontraído, nem essa covinha no canto da boca que aparece timidamente quando você dar um sorriso de canto. Nenhuma delas me estressa com a demora de se vestir e depois me faz ver o quanto valeu a pena esperar por minutos ou horas. Nenhuma delas me fez ficar esperando ansiosamente uma ligação ou fez meu coração bater mais forte com o aviso de que chegou uma nova mensagem. Nenhuma delas me diz que vai estar comigo para tudo, aconteça o que for e me passa certeza com essa voz doce que você tem. Nenhuma delas soube me ter, me conquistar do modo que você conseguiu. Nenhuma delas habitou meu coração como você. E agora, estou lhe pedindo com todo amor e arrependimento que há dentro de mim: volte para mim. Volte porque sem você nada faz sentido algum. Sem você é difícil, muito difícil. Volte porque com você dar vontade de ir até o final do arco-íris para ver o que tem naquele pote de ouro. Volte porque tudo é sem graça com você. Não, não foi isso que eu quis dizer. Pode ver como você me deixa nervoso? A verdade é que sem você não tem graça. Nunca teve graça. Lembre-se que estarei aqui até mesmo quando você não me pedir. Te dou o tempo que quiser para pensar. Estou te esperando de braços e coração aberto; só cabe a você se vai querer ir comigo até o fim do arco-íris, porque eu sei que no pote do nosso arco-íris se encontra um pote cheio de amor. E é isso que eu quero para nós. Amor. Muito amor. Daqueles que transbordem a xícara de tão cheio. Pronto, é isso. Não precisa falar nada, pelo menos não agora. Dizem que se for pra ser, vai ser, concorda? E dessa vez apostarei todas as minhas fichas nisso. Vou andar por aí pensando que é apenas questão de tempo. E que caso você não me procure, nos encontraremos por ai. Desculpa-me tomar parte do seu tempo, mas eu precisava lhe falar tudo o que este coração tão cheio de cicatrizes - e que você ocupa um lugar lindo - sentia. Aliás, sente. Eu te amo, não se esquece disso nunca. Jamais!